PERFIL - Fernando Oliveira
UNIDCOM | IADE
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Fernando Oliveira é professor universitário, investigador e designer gráfico independente. É doutorado em Design pela Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa e tem um mestrado em Design e Cultura Visual realizado no IADE-UE.
No decorrer da sua carreira abraçou vários projetos nacionais e internacionais. O mesmo atribui destaque àqueles que, no desenvolver do seu percurso, lhe conferiram uma maior liberdade, de modo a explorar a sua criatividade. A produção de personalização de pranchas para a marca Haydenshapes assume-se como um desses projetos. O amor por um amigo próximo, pela atividade que partilham (o surf) e pela sua área de profissão são os pilares que o fazem recordar e apreciar este desafio.
O hotel Areias do Seixo localizado em Santa Cruz partilha uma entidade com Fernando Oliveira. A marca foi construÃda num perÃodo intensivo de seis meses com conversas várias entre o mesmo e o dono. Nesse momento, compreende que o melhor seria deixar o cliente escolher, livremente, o que gostaria de fazer.
Fernando afirma que ultrapassou, enquanto designer gráfico, os desafios da sociedade consumista ao trabalhar para agências. O mesmo constata que “o design e o marketing
estragaram, em parte, o mundo. O marketing criou necessidades que não existem ou fazem falta.” Neste seguimento, procurou fazer diferente. Hoje em dia, os seus esforços apresentam uma direção e um objetivo que considera mais positivo, os propósitos sociais e sustentáveis. Ambiciona participar em projetos nos quais possa desenvolver capacidades e aplicá-las em questões culturais ou no comércio justo, de forma a libertar o produtor das grandes distribuidoras que detém a maior parte do sistema.
Recentemente, participou num projeto para a União Europeia de economia circular, do qual se orgulha. O projeto assume-se como um passo acima da sustentabilidade, na medida em que apresenta um novo conceito: utilizar a matéria-prima, sem matar o meio ambiente. Fernando criou campanhas e situações de consciencialização com o propósito de melhorar a relação da sociedade com o mundo que a rodeia. Para desenvolver as campanhas, Fernando revela que estuda e tenta compreender a maneira como as pessoas pensam e vêem as marcas, através do design participativo, uma área que o apaixona.
Apesar do sucesso que tem vindo a alcançar, Fernando Oliveira, afirma que o design em Portugal é muito desvalorizado. No entanto, apesar deste seu olhar, o seu objetivo enquanto professor é o de motivar os alunos e prepará-los para a realidade que irão enfrentar aquando do fim do curso. Future skills, poder de decisão e espÃrito crÃtico, estas foram caracterÃsticas muito importantes na sua relação com a área do design e são, consequentemente, ferramentas indispensáveis no trabalho com os seus alunos. “Não é possÃvel fazer design sem decisão, essa realidade cria uma consciência que vos vai ajudar a crescer num futuro”.
Importa destacar que é fundamental incutir, de inÃcio, uma perceção de mercado. O seu envolvimento no design especulativo trouxe-lhe uma nova visão, uma opção de repensar na sociedade: “Em vez de trabalharem para o consumidor, trabalham para o cidadão. Em vez de resolverem problemas, ainda fazem mais questões”. Sublinha, ainda, que é um grande contributo para a sociedade, “porque vai ajudar a repensar a forma como a sociedade está envolvida no consumo. As marcas são instituições que orientam a vida das pessoas para esse mesmo consumo (...) mas as pessoas demoram décadas a mudar e nesta parte, penso que nem queiram mudar”.
O professor universitário compara este modelo ao filme “Matrix”, mas que neste caso são as marcas que participam no processo para adormecer as pessoas. Anseia por mudança e
reforça a importância da consciencialização de maneira que possamos dar utilidade a estratégias mais sustentáveis. Consequentemente, apesar das suas propostas de emprego internacionais, escolheu ficar em Portugal, “pensei várias vezes e tive várias propostas, mas sempre pensei que queria fazer coisas por vós cá”.